crise

Os indicadores de retomada de grandes mercados, como Europa e Ásia, sugerem que estamos superando os piores momentos da crise atual. Após adotarem medidas restritivas, com isolamentos de severos impactos econômicos, as economias mundiais testemunharam acentuadas quedas em seus PIBs. Na China, o recuo foi de 36,6% no primeiro trimestre de 2020, e a produção da Coreia caiu 5,5%, em termos anuais e dessazonalizadas. Na Europa, o recuo do PIB no primeiro trimestre do ano atingiu níveis históricos, com 21,3% na França, 19,2% na Espanha e 17,5% na Itália.
O tímido movimento de retomada, perceptível já em junho, como resultado da gradual saída dos países da fase mais aguda de combate ao Covid 19 sinaliza a entrada da economia mundial numa fase de recuperação. Os movimentos de retomada, porém, ainda estão cercados de incertezas econômicas e em relação ao comportamento da pandemia diante da reabertura das fronteiras.

É possível concordar que a fase mais aguda da crise deflagrada pelo Covid 19 ficou para trás, pelo menos para os países que enfrentaram primeiramente a pandemia. Mas resistem as incertezas sobre o ritmo dessa retomada e o consenso de que a economia mundial não conseguirá voltar tão cedo o ritmo de antes. E é necessário observar o comportamento cauteloso dos consumidores.

O momento de “calmaria” que estamos vivendo pode ser preocupante. A crise de 2008 causou o fechamento de mais de 4 milhões de empresas, representando quase 10% do total de empresas existentes na época. Ainda não sabemos como será o impacto no número de empresas atingidas na crise atual. Até porque a política de benefícios fiscais (via postergação dos vencimentos) e de financiamentos subsidiados acabam, de certa forma, atenuando ou postergando o fechamento das empresas. O fato é que os desdobramentos da crise atual ainda não estão completamente consolidados.
Dentro deste cenário acabam surgindo oportunidades como o mercado de special situations. Antes da crise este mercado vinha dando seus primeiros passos no Brasil. Special situation nada mais é do que o investimento em ativos ilíquidos que oferecem alto retorno para um risco também alto e com uma certa complexidade na sua estruturação. São exemplos deste tipo de mercado, o investimento em empresas em distress, investimento em ações judiciais na esfera pública e privada e os NPLs (non performing loans) que são os créditos improdutivos sob a ótica das instituições financeiras.
Apesar da falta de cultura de investimento neste tipo de ativo, o mercado é bastante promissor para os investimentos em special situations: juros baixos ocasionando a fuga de recursos dos investimentos tradicionais, muitos ativos em situação de distress pelos efeitos da crise do Covid e a falta de liquidez do mercado causada pelos altos spreads cobrados pelas instituições financeiras. Aqueles que estiverem estruturados terão um promissor mercado a ser explorado.

Guilherme Mota, engenheiro formado pelo ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), diretor geral da Muriqui Capital, empresa especializada em executar projetos de turnaround.

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