O capixaba Leonardo Bissoli tem feito sucesso com vídeos no seu canal TerrinhaVerde , onde dá dicas e mostra a vida na Irlanda, país que chama, gentilmente, de “Irlandinha luz fraca” em referência ao clima chuvoso e sombrio. Bissoli reúne muitos seguidores e O JORNAL conta a história desse brasileiro que migrou para a Irlanda há sete anos em busca de mais segurança e conquistou o cargo de gerente sênior de uma multinacional francesa.
“Sempre falo com meus amigos que o país Brasil não tem nada de errado. O único problema é que um determinado grupo de pessoas não se preocupa com o próximo. Além, é claro, da corrupção enraizada que infelizmente faz parte do país”.
Formado em negócios, com MBA em gestão empresarial, Bissoli sempre trabalhou na área de TI. Ele mora atualmente na cidade de Cork e programou sua ida para a Irlanda a longo prazo. Esperou a conclusão do seu processo de cidade italiana para chegar ao país europeu. “O planejamento de sair do país vem desde minha adolescência e a Irlanda acabou sendo uma opção devido a ter pessoas conhecidas que já estavam trabalhando aqui, além do país possuir boas oportunidades na área de tecnologia”, afirma o brasileiro que buscou também uma boa qualidade de vida e segurança.
Desde 2015 na Irlanda, Bissoli só tem um arrependimento quanto sua ida para a Irlanda. “Gostaria de ter saído antes do Brasil”.
Confira a seguir um pouco do bate papo:
O JORNAL – Como foi arrumar casa, encontrar trabalho?
LEONARDO BISSOLI – Casa sempre foi um problema na Irlanda e provavelmente não vai mudar tão cedo. Sobre trabalho, em aproximadamente 15/20 dias já estava trabalhando.
O JORNAL – E sobre adaptação na Europa. O que foi mais difícil?
LEONARDO BISSOLI – Não tive problemas. Sempre viajei e já estou acostumado com a forma de ser do povo europeu.
O JORNAL – Diferenças boas e ruins?
LEONARDO BISSOLI – De ruim na Irlanda temos o clima, a demora excessiva em alguns serviços e de bom temos qualidade de vida. Dependendo de onde você mora e de quanto você ganha, você tem segurança, educação gratuita, etc. Eu fiz um vídeo de diferenças entre Brasil e Irlanda https://youtu.be/Fz8aKWasIfQ
O JORNAL – Comparações com o Brasil?
LEONARDO BISSOLI – Fica um pouco difícil fazer comparações, porque são tamanhos e realidades bem diferentes. A Irlanda tem pouco mais de 5 milhões de pessoas. A saúde no Brasil, em vários pontos, acredito ser bem mais estruturada do que na Irlanda. Opções de lazer, clima, variedade cultural, comida, são coisas que o Brasil consegue oferecer só que, infelizmente, no meu caso, eu priorizava a segurança.
Queria apenas sair de casa a qualquer hora do dia sem ter que ficar olhando para todos os lados com o medo de ser assaltado. De uma forma geral, as pessoas têm uma vida normal na Irlanda, não precisam ganhar rios de dinheiro para ter uma certa dignidade.
No Brasil, trabalha-se muito para pode sustentar um padrão de vida que às vezes muitos não conseguem ter. A questão do status e o “eu sou melhor do que você, meu pai é juiz” apenas demonstra o quanto o Brasil está longe de ser um país evoluído nesse aspecto. Não é a toa que a Irlanda possui um dos maiores índices de desenvolvimento humano do mundo, ficando atrás apenas da Noruega, empatado no segundo lugar justamente ao lado da Suíça.
Sempre falo com meus amigos que o país Brasil não tem nada de errado. O único problema é que um determinado grupo de pessoas não se preocupa com o próximo. Além, é claro, da corrupção enraizada que infelizmente faz parte do país.
O JORNAL – Qual o objetivo do TerrinhaVerde? Como surgiu?
LEONARDO BISSOLI – O canal surgiu no final de 2020 com o objetivo de fazer vídeos explicativos da Irlanda e ajudar o máximo de pessoas que gostariam de saber mais a respeito do país. A maioria do conteúdo que havia disponível eram vídeos longos, vagos, sem objetivo, então resolvi criar um canal, onde na maioria dos vídeos não apareço para justamente passar somente informação e poder ajudar.
Além do TerrinhaVerde também criei o InglêsTerrinhaVerde (https://www.youtube.com/channel/UC_nH909LPxxu7CK4Z3CzN9g), onde passo dicas de inglês. Apesar do meu conhecimento em inglês ser limitado, mas pelo menos o pouco que sei acredito que consigo colaborar e poder ajudar as pessoas que desejam saber um pouco mais do idioma.
Referente à área de tecnologia, criei um grupo no LinkedIn chamado TerrinhaTech (https://www.linkedin.com/groups/9181438/ ) com o foco em ajudar profissionais de tecnologia com divulgação de vagas e notícias da área.
Também iniciei o programa formação europa que surgiu devido a demanda de pessoas que me procuraram perguntando se eu dava mentoria. A primeira categoria que criei foi de análise de currículos no LinkedIn Boost e a segunda categoria é só demanda de acordo com o perfil de cada profissional. Detalhes do programa podem ser encontrado no meu site https://leonardobissoli.com/mentoria.
O JORNAL – Quem são seus seguidores?
LEONARDO BISSOLI – Pessoas que de alguma forma não estão felizes onde estão e buscam realizar seus sonhos, seja em ter uma experiência internacional indo estudar ou trabalhar por tempo indeterminado.
O JORNAL – Você percebeu alguma mudança de perfil das pessoas que estão migrando?
LEONARDO BISSOLI – Sim. Na questão do status principalmente. Precisar de muita coisa para pode viver e na realidade você precisa estar bem para viver, independente se você tem muito ou pouco. Outra coisa também é na questão de se preocupar em ajudar o próximo. A Irlanda é um país que está na cultura se preocupar bastante com o próximo, a inserção de crianças no voluntariado faz parte da cultura e quando uma pessoa de fora vem e começa a ver essas coisas é algo que acaba impactando e motiva a fazer o mesmo.
O JORNAL – Se você pudesse resumir um único conselho para quem está migrando para a Irlanda , o que falaria?
LEONARDO BISSOLI – Venha financeiramente e psicologicamente preparado e disposto a se adaptar a cultura do país. Se você for tentar impor a sua cultura e reclamar, porque as coisas na Irlanda são diferentes do Brasil vai acabar se desgastando. Você não vai conseguir mudar o país e aí talvez seja melhor continuar no Brasil.
O JORNAL – E os seus planos para o futuro, quais são?
LEONARDO BISSOLI – Ajudar o máximo de pessoas que conseguir compartilhando o que aprendi ao longo da vida.
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