Facebook classificou Brasil como ‘país de risco’ para conteúdos ‘tóxicos’

Documentos internos vazados mostram que o Facebook classifica o Brasil como país impactado por discursos de ódio e incitação à violência

O Facebook inclui o Brasil no rol de “países de risco”, impactados por discursos de ódio, incitação à violência e organizações perigosas dentro da plataforma. A informação consta em documentos internos da empresa, vazados para um consórcio internacional de veículos de imprensa que incluem New York Times, Washington Post, Guardian, Le Monde e, no Brasil, o jornal O Estado de S. Paulo. A apuração conjunta recebeu o nome de “Facebook Papers”.

Segundo os documentos, o Brasil está na mesma lista de países como Índia, Egito, Turquia e Filipinas. Para se ter uma ideia, entre os países considerados pela rede social como “fora de risco” estão Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França.

O estudo interno do Facebook teve como base respostas de usuários, que revelaram como se sentiam diante de determinados conteúdos na rede social. A pesquisa concluiu que materiais considerados “tóxicos” têm efeito mais forte em usuários dos chamados “países de risco” e, a partir dessas informações, os pesquisadores orientaram a empresa a adotar ações mais firmes nessas regiões.

O detalhamento dessas ações, no entanto, não consta no documento. Mas, segundo o site americano The Verge, que teve acesso ao documento completo, estariam entre os esforços da rede social um sistema de inteligência artificial para identificar discurso de ódio e desinformação, além de equipes para analisar conteúdos virais, a fim de construir uma força-tarefa para responder de forma mais ágil a boatos e conteúdos de incitação à violência.

Oficialmente, o Facebook não confirma a classificação dada ao Brasil. Em nota à imprensa, a empresa confirmou que conta com mais de 40 mil pessoas na chamada “equipe de integridade” e informou que, apenas em 2021, deverá investir mais de 5 bilhões de dólares em segurança e integridade, “mais do que qualquer outra empresa do setor de tecnologia”.

“Bilhões de pessoas no mundo, inclusive no Brasil, usam nossos serviços porque veem utilidade neles e têm boas experiências. Já investimos US$ 13 bilhões em segurança globalmente desde 2016 – estamos a caminho de investir US$ 5 bilhões só neste ano”, informou a empresa.