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Divulgação/Lucila Medeiros

O advogado paulista André De Grossi trabalhou por diversos anos resolvendo problemas judiciais de diversos clientes. Especialista em direito do trabalho pela PUC/SP, ele trabalhava em São Paulo  até que aos 40 anos resolveu mudar de vida. “Cansei da vida nos tribunais. Só resolvia problemas dos outros, eu queria uma vida mais leve pra mim”, conta Grossi que se mudou com a mulher Lucila, para Paris, onde é um dos fotógrafos brasileiros mais procurados para fazer registros de turistas que estão visitando a cidade francesa.  “Hoje, as pessoas me procuram para registrar os momentos mais felizes das vidas delas. Foi uma mudança e tanto”. Desde 2016 ele trabalha como fotógrafo em Paris.

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A virada de chave na vida de Grossi tem atraído cada vez mais o interesse de outros brasileiros, que seguem Grossi em suas redes sociais. Ele tem milhares de seguidores nos seus perfis no Instagram e Youtube, onde posta detalhes de sua vida em Paris.   “Diariamente encontro seguidores que me cumprimentam pelas ruas de Paris agradecendo as dicas que viram no meu Youtube e no Instagram. A minha ficha ainda está caindo para ser sincero, mas estou começando a perceber o quanto de pessoas são influenciadas por mim para decidir uma viagem tão importante em suas vidas. Muitas traçam todo seu roteiro baseadas nos meus vídeos. Mas o que eu deixo bem claro é que eu não sou guia de turismo, sou apenas um bom conhecedor da cidade de Paris, capaz de dar dicas diversas para as pessoas”, afirmou Grossi que foi premiado recentemente como fotógrafo de destaque no Portuguese Brazilian Awards.

O fotógrafo falou um pouco sobre essa mudança em sua vida. “Confesso que após quinze anos advogando comecei a me sentir desgostoso com o exercício da advocacia, me deparando dia após dia com infindáveis anos para solucionar um processo, aliados à burocracia de um poder judiciário pouco eficiente. Via minha vida profissional resumida a resolver problemas alheios diante de intermináveis e sucessivos recursos. Como na maior parte da minha profissão de advogado eu fui dono de escritório, meus clientes mantinham um contato extremamente próximo comigo e era inevitável não carregar para dentro de mim os seus problemas pessoais. Devido ao estresse que a advocacia vinha me causando, no ano de 2015 eu resolvi que iria empreender em uma outra atividade, em algo que pudesse ser mais mentalmente leve para mim que a advocacia. Mas eu ainda não sabia muito bem em qual área pretendia empreender. Cheguei a pensar em abrir um café, ou um restaurante, mas nada saía do papel. Até que neste ano de 2015, eu comecei a fotografar de forma amadora, como um hobby mesmo, e comecei a postar as minhas fotos no Facebook.  Foi ai que algumas pessoas começaram a solicitar orçamentos para cobertura de festas. No início eu resisti, pois não me considerava apto a exercer a fotografia como profissão, mas depois de reiterados pedidos, lá estava eu fotografando casamentos e festas infantis em São Paulo, mais precisamente na região do ABC onde eu morava”.

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Grossi que que já tinha na sua cabeça a clara intenção de empreender em uma outra atividade, fora do Direito. “A fotografia acabou por preencher essa lacuna e lá estava eu iniciando a minha carreira de fotógrafo. Foram alguns meses cobrindo eventos até que, no mesmo Facebook, me deparei com uma postagem patrocinada de um fotógrafo brasileiro que residia em Paris. Vale lembrar que na cidade de Paris existem algumas dezenas de fotógrafos brasileiros. E isso foi como um tiro de canhão no meu peito: ser fotógrafo em Paris! Eu já tinha dupla cidadania (sou cidadão português por meu pai ser português nato) e isso já era meio caminho andado para passar uma temporada fotografando na Cidade Luz. Ao final de 2015, elaborei uma programação para passar o mês de junho de 2016 inteiro em Paris, já com a intenção de fotografar profissionalmente. E dentro de grupos do Facebook dedicados a dar dicas de Paris, eu comecei um trabalho de formiguinha na captação de clientes. Resultado? Fechei 12 trabalhos sem ter uma única foto feita em Paris. Com o sucesso desse mês de junho de 2016, estava ainda mais claro que era esse o caminho que eu queria na minha vida”.

Ele conta que em 2017 começou  a estudar francês e já começou a não abrir mais nenhum processo na advocacia. “Fui apenas advogando nas causas que já existiam e é assim até hoje, pois ainda há processos residuais onde eu advogo de forma online, mesmo residindo em Paris. Voltei para Paris na metade do ano de 2018, onde minha esposa também abdicou da sua vida no Brasil para seguir meus passos e assim fixamos residência na França”.   Mas nem tudo é só comemoração e boas notícias.  Após uma grande e sólida quantidade de ensaios fotográficos realizados, em março de 2020, ele viu seu mundo desmoronar por conta da pandemia da Covid-19. “Literalmente de um dia para o outro, tudo o que eu necessitava para o exercício da minha profissão foi cortado pela raiz. Eu não tinha mais clientes internos, turistas, fronteiras, e nem mesmo a cidade para fotografar. Foi sem dúvida o período mais complicado da minha carreira como fotógrafo, mas que graças a ajuda que minha empresa recebeu do governo francês, somado a algumas economias que eu havia feito, consegui sobreviver ao pesadelo de passar pela pior parte da pandemia sem ter trabalho. Mas por outro lado, a pandemia fez com que eu precisasse me reinventar. Pode parecer uma frase até cliché, mas comigo foi exatamente isso que aconteceu. Assim que tivemos a liberdade de andar pelas ruas de Paris novamente – ainda que sem turistas/clientes – eu abri um canal no Youtube, o qual dei o nome de “Diário de um fotógrafo em Paris”, que já conta com quase 70 mil inscritos. Em formato de “vlog”, eu circulo pelas ruas de Paris mostrando a cidade com um olhar de fotógrafo e dando diversas dicas para turistas, desde onde se hospedar, onde comer, como andar de metrô, entre outras. E graças ao Diário de um fotógrafo em Paris, a procura pelo meu trabalho aumentou exponencialmente, já que meu canal foi maciçamente assistido enquanto as pessoas estiveram confinadas, e agora podendo viajar novamente, essas pessoas acabam conhecendo a oportunidade de fazer um ensaio fotográfico ou um “phototour”, que são passeios fotografados que eu realizo pela Cidade Luz”.

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Grossi afirma que não tem medo de abrir e fechar ciclos. Ele é músico também, já teve bandas, e é atleta amador. “Já participei de duas etapas do Tour de France – 2012 e 2013, sou advogado e atualmente um fotógrafo de sucesso em Paris. Então eu encaro cada fase da minha vida como ciclos que se abrem e se fecham. Sou extremamente dedicado a cada um deles”, afirmou ele que tem um recado para quem deseja seguir sua profissão. “É preciso planejamento, foco e persistência.  Primeiro é preciso ter documentação que autorize você a poder trabalhar de forma legalizada em Paris.  Jamais entre numa empreitada de forma ilegal, pois tudo que começa errado, termina errado. Posso afirmar que é uma excelente profissão, leve, e você ainda vive numa das cidades mais belas do mundo”.

 

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