cidadania italiana
Treviso, aqui no Veneto, tem construções fenomenais

Foram meses de preparação. Após muita aula de italiano (faça o máximo que puder), busca de documentos, muitos mesmo, preparo psicológico em família (isso é fundamental), chegou o grande dia. O embarque para a Itália. Estou fazendo o processo de cidadania italiana, com uma empresa especializada, e embarquei no dia 2 de fevereiro de 2020. Estou aqui na Itália há quatro dias. Cheguei no dia 3 na região do Veneto, no norte da Itália. Vou falar um pouco sobre a viagem e minhas primeiras impressões destes dias em que estou aqui.

O dia da viagem

Acordei bem cedo, umas 5 horas da manhã. Com as duas malas grandes prontas e minha mochila de mão fui para a sala Vip do Cometa. Como moro no interior de São Paulo, precisei viajar de ônibus (6 horas) para a capital paulista. A viagem até São Paulo foi tranquila. Nada de comer besteira no caminho, só comida leve. Sai da Cometa às 08h30 e cheguei na Barra Funda, por volta das 14h30. Peguei minhas malas e fui atrás de um Uber para ir até o aeroporto internacional de Guarulhos. O motorista do Uber foi super bacana (era um baiano que morava há mais de 20 anos em São Paulo) e a viagem até o aeroporto foi rápida, por ser um domingo e ter pouco trânsito.

Em busca da cidadania italiana. Almoço durante a viagem de ônibus para São Paulo

No aeroporto minha primeira providência foi procurar o guichê da Alitalia. Uma dica é já pedir pro táxi ou Uber ir direto pro Gate 3, onde chegam e saem os voos internacionais, senão acaba complicando. O aeroporto é muito grande e ai você precisa ficar andando muito. Achado o guichê fiquei na espera. Abriram o serviço de check-in e despache das bagagens um pouco antes das 17 horas. Despachei as malas e já entrei na área de embarque. Passei pela checagem das malas de mão e pela polícia. Tudo tranquilo. Se estiver carregando computador e dinheiro, naquelas doleiras, é preciso retirar e colocar na vasilha deles para passar no detector de metal.

Na fila da Alitalia conheci o Daniel, estudante de Vitória, no Espírito Santo. Ia pra Itália encontrar amigos. Me disse que estava indo atrás da cidadania italiana e iria estudar na Áustria. Nessas horas que antecederam o voo ficamos conversando no salão de embarque. Ele me contou um pouco sobre as viagens que fez para a Itália e suas impressões sobre o velho mundo. Me diverti quando perguntei para ele sobre a brincadeira que fazemos de que os europeus não tomam banho. “A água na Itália é pesada, é dura. O normal é tomar banho dia sim, dia não. Todo dia não. Quando não tomar, é só lavar as partes intimas, as axilas e boa”, afirmou. Eu dei risada e disse que não iria fazer isso, não. No Brasil costumamos tomar muitos banhos. 🙂

Depois de mais papo, enfim, abriu o embarque, às 19h50. O voo iria sair às 08h50. Na fila conhecemos um outro jovem, de uns 30 e poucos anos que iria para a Itália e depois embarcaria para a Bélgica. Ele era de Franca e trabalha com cavalos árabes. Ia para lá trabalhar num haras de um belga. Tinha acabado de sair de um emprego na sua cidade.

No voo para Roma em busca da cidadania italiana

A tripulação da Alitalia toda era de italianos. Não tinha nenhum brasileiro não. Então, ou o papo é tentar arrastar um italiano ou inglês. Com o bilhete de embarque na mão, fui atrás da minha poltrona. Foi ai que tive minha primeira decepção. Comprei minhas passagens por telefone e o atendente havia me vendido uma poltrona, com espaço maior que o normal. Mas ao chegar no meu lugar, vi que era normal. Decidi não reclamar, só criaria mal estar e creio que não resolveria muita coisa. Sentei e fiquei com minha mochila nos pés. Mas ao chegar os outros passageiros, vi que não poderia deixar a mochila ali. Iria ficar muito desconfortável. Pedi licença e sai pro corredor para coloca-la no guarda-volumes. Foi aí que o senhor português que estava sentando no corredor (eu estava na janela e outro rapaz no meio) resolveu mostrar toda a sua deseducação. Começou a gritar que estava lotado. Que era para eu colocar em outro lugar. Não dei ouvidos e continue tentando abrir o guarda-volumes. Consegui abrir, e vi que estava mesmo lotado. O português levantou e disse que colocaria suas malas no outro pavimento. Pedi calma pra ele e fui lá colocar a minha, mas antes falei pra aeromoça. Voltei pro meu lugar. E ao conversar com o rapaz do meu lado, falei que tinha comprado a outra poltrona, maior, e ele também reclamou. Ele conversou com um comissário e pediu que se caso tivesse um lugar vago trocasse-o para ficarmos mais a vontade. Deu certo e ficamos melhores no voo. Mas o português ficou ali do meu lado durante a viagem. Não era de papo não. Faz parte encontrar gente chata pelo caminho. 🙂

O voo de Guarulhos para Roma foi ótimo. Durou 10h30. Não teve atrasos. A comida servida no voo foi boa, não tenho do que reclamar não. Como foi minha primeira experiência internacional fiquei atento para ver o que os italianos comiam e pedi o mesmo. Foi pasta (massa) no jantar. Uma lasanha muito gostosa, com molho branco e queijo, com pão para acompanhar e uma saladinha, além de outras coisinhas. Gostei. O café da manhã foi servido um pouco antes do pouso em Roma. Um croissant, pão, queijo e presunto, e café. Um pouco antes de pousar fiquei esperto e fui no banheiro. Escovei os dentes e já me preparei para ir em busca do próximo voo para Veneza.

Jantar no voo
Café da manhã

Conexão para Veneza e imigração – cidadania italiana

Ao sair do avião já nos corredores existem muitas indicações para as conexões. Basta ficar atento e seguir. Olhar nos telões e ter atenção também para ver se o local de embarque mudou. O meu havia mudado. O aeroporto internacional Leonardo da Vinci fica em Fiumicino, uma comune perto de Roma. É enorme, cheio de lojas. Então, não pare para ficar olhando as lojas. Vá atrás da sua conexão e depois, caso der tempo, passeie, compre.

Nos corredores, tentando achar o meu portão de embarque conheci uma família do Brasil. Da cidade de Santo André. Eles também estavam na minha conexão. Ficamos juntos e fomos atrás do portão. Eu estava nervoso para passar na imigração. Todos brasileiros ficam. Mesmo tendo todos documentos necessários, dinheiro, ficamos ansiosos. Mas foi tranquilo. Achamos o portão e ao entrar nos corredores, saímos na imigração. Tinham duas cabines, dos guardas italianos. Numa dessas cabines, um casal estava tendo um pouco de problemas. O guarda não parava de fazer perguntas para eles. Na outra, a fila andava. Parece que pegam “um pra cristo” e “sangram” e enquanto isso deixam a fila passar para os outros. Na minha vez, apresentei o passaporte e deixei o cartão de embarque pra Veneza dentro dele. Fiquei com minha pasta cheia de documentos, passagem de volta, carta de hospitalita, seguro, print de conta de banco, comigo. Mas deixei ele ver que estava preparado. Tentei manter a tranquilidade e fiquei olhando pra ele. Ele olhou pra mim, me entregou o bilhete de Veneza, carimbou o passaporte e me disse: “Prego”. Nem pediu a passagem de volta. Peguei o passaporte e nem acreditei. Segui pro local de embarque. Bora em busca da cidadania italiana.

Local de embarque do aeroporto em Roma. Indo pra Veneza

Logo o embarque foi aberto. A conexão pra Veneza era com diferença de 2h30. A viagem durou pouco mais de 50 minutos. Minha preocupação a partir dali era com as minhas duas malas. Mas foi muito tranquilo. Existem muitas indicações também mostrando aonde ficam as bagagens. Peguei minhas malas e fui encontrar a pessoa contratada que estava me esperando para me levar para o apartamento em que estou agora, na região de Montebeluna. A encontrei facilmente. Ah, uma coisa. Em Roma consegui me conectar no Wi-fi (que é ótimo), mas em Veneza não. Conversem antes com suas operadoras e cuidem do celular, dos planos, para não ficarem na mão.

Em resumo, foi tudo muito bem até aqui. Irei fazer outros textos, mostrando um pouco da realidade italiana e das minhas impressões sobre a cidade, os costumes. A vida segue em busca da cidadania italiana.

Na Itália – canais da comune de Treviso, aqui no Veneto. Fui conhecer nesta semana

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