cidadania espanhola
Na foto, Miuner (dir.) com o seu companheiro, Diego Sanches

Miuner André Moraes de Oliveira, 39 anos, natural de Diadema, fez o que milhares de brasileiros estão fazendo no momento. Trocando o Brasil por países da Europa. Seja por dificuldades financeiros, em busca de mais ou segurança e qualidade de vida. Oliveira era funcionário público do Estado de São Paulo, e estava lotado na Secretaria da Educação, desempenhando a função de professor de educação básica. Ele lecionava a disciplina de filosofia e no seu último ano como concursado, em 2018, ocupava a função de coordenador pedagógico de uma unidade escolar de Santo André.

Além de trabalhar como coordenador pedagógico, nos últimos anos ele estava precisando conciliar com outros trabalhos para complementar sua renda. Ocupava a função de analista administrativo em algumas paróquias da Igreja Católica. “Nunca me imaginei morando fora do Brasil. Essa ideia não era palpável, nem imaginável para mim, uma vez que eu desfrutava de uma vida profissional e financeira estável e vivia de forma cômoda. Porém, em dezembro de 2017 fui desligado da função que desempenhava na área administrativa e seria difícil conseguir de pronto outra colocação na área (que tenho 20 anos de experiência, mas nenhuma formação) que desse para conciliar com a outra função na área da educação, por conta dos horários que eu tinha escolhido para o ano seguinte”.

Ele decidiu então que era hora de mudar os rumos da sua vida. “Comecei a considerar e, em pouquíssimo tempo, decidi que iria morar fora do país, tentar a vida em outra realidade cultural. Pesquisando, surgiram várias alternativas, mas como não tenho descendência nenhuma de outro país por parte de sangue, comecei a afunilar minhas possibilidades, por quantidade de tempo que conseguiria permissão para morar x quantidade de tempo que poderia me naturalizar onde eu fosse. Desse estreitamento de pesquisa, veio a certeza de que o país que eu focaria a partir daí, seria a Espanha. Pois, constatei que morando legalmente na Espanha por dois anos (www.exteriores.gob.es/Consulados/SAOPAULO/pt/InformacionParaExtranjeros/Pages/VisadosDeLargaDuracion-SP.aspx), já adquiria o direito de dar a entrada no pedido de cidadania espanhola e os tipos de visto para “permissão temporal” eram vários e uma delas poderia se encaixar nas minhas possibilidades. Pronto: de janeiro a agosto de 2018 foi o tempo dedicado a correr atrás de papéis e dar entrada no Consulado Espanhol de São Paulo. Dei entrada em julho, no visto de “Residência não Lucrativa”, a resposta positiva veio em agosto e finalzinho de setembro estávamos pousando em Alicante, na Espanha”.

O ex-professor brasileiro falou sobre a mudança. “Eu aconselho a todo brasileiro que tenha a menor possibilidade, que a aproveite para conhecer qualquer outro lugar fora do Brasil, a abrir seus horizontes e tirar suas próprias conclusões sobre prós e contras. Eu amo muito a minha história de vida no Brasil, meu amigos, minhas conquistas e tudo o que o Brasil nos oferece, mas, não posso deixar de comparar a qualidade de vida aqui na Europa (ao menos onde vivo), pois as coisas parecem mais simples e mais justas (por exemplo com o salário mínimo vigente, você consegue pagar um aluguel de uma moradia digna, as contas de consumo, necessidades, e mercado com tranquilidade… pode não ter luxo, mas com o mínimo se vive bem)”.

Ente as coisas que se estranhou muito. “Aqui nada se acelera, não adianta querer dar jeitinho, seu caso nunca será mais especial ou urgente. Os documentos (por exemplo, um tempo “x” para ficar pronto, não adianta ter pressa, você vai ter que esperar e se adaptar”.

Ele ficou abismado com as famosas “siestas”.   “Tudo fecha no meio do dia e só abre três horas depois. A cidade vira fantasma, você demora pra incorporar que não adianta sair de casa pra resolver nada entre 14 e 17 horas”.

Miuner era professor em Santo André

E a segurança? “É  uma sensação ótima poder andar por onde quiser, na hora que quiser sem ter aquela sensação de ter que redobrar o cuidado consigo e com suas coisas por medo de assalto e/ou violência. Essa é a minha experiência. A partir de setembro deste ano já poderemos dar entrada no pedido de Cidadania Espanhola e não sabemos ao certo quanto tempo demora para sair o resultado, pois conhecemos casos recentes que saíram em três meses e conhecemos casos mais antigos que saíram depois de anos. Uma vez que tenhamos o “passaporte vermelhinho” sabemos que teremos maior facilidade para nos mudar para outros países também. Mas só depois de tê-lo em mãos é que vamos ponderar. Nos mudar ou não da Espanha, pois aqui vivemos momentos muito felizes e desfrutamos com bastante simplicidade, dignidade e muitos aprendizados, da nova vida que escolhemos”.

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