Embora necessário neste momento, voltar para o isolamento social pode ser convite ao sedentarismo. Theo, 6 anos, parou de ir à escola no ensino híbrido e voltou a assistir as aulas exclusivamente on-line e, dentro de casa, passa a cumprir novamente a rotina de reclusão e proteção.
Um estudo brasileiro publicado recentemente na Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde (Sleep, sedentary behavior and physical activity: changes on children’s routine during the COVID-19), que mensurou o impacto no comportamento de crianças de 5 a 10 anos de idade, antes e durante um período da pandemia, indica uma redução de 54% na prática diária de atividade física e crescimento de 10% no tempo de sono.
Segundo Fabio Ceschini, especialista em fisiologia do exercício e criador da plataforma Viajando pela Fisiologia, exercícios são fundamentais para o fortalecimento do sistema imune e cabe aos pais e responsáveis manter as atividades principalmente nesse momento de recuada.
O especialista fala com relação aos últimos dois meses da reabertura de escolas no país, período no qual muitos alunos retomaram as aulas de educação física presenciais e já começavam a visitar os parques e a explorar mais atividades ao ar livre.
Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que, para a promoção da saúde de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos, são necessários ao menos 60 minutos de atividade física por dia, em intensidade moderada a vigorosa. “Em casa ou na escola, eles precisam se movimentar. A falta de exercício regular reflete em ganho de peso, fator fortemente associado ao desenvolvimento de doenças como Obesidade, Diabetes e Hipertensão Arterial, mesmo em idades precoces, completa Ceschini.
Outro fator, segundo ele, é realizar as atividades considerando o uso ininterrupto da máscara. Aos pais que precisam manter os filhos na escola, a orientação é intensificar os cuidados quanto ao número de máscaras extras para as atividades esportivas e ao manuseio do acessório durante a hidratação. Aos professores de educação física, o alerta é para o controle da exaustão, respeitando o preparo físico e tolerância de cada aluno.
Seja em casa ou na escola, ele lista algumas medidas que favorecem a realização de exercícios com segurança e conforto.
Em casa:
- Circuito: não tem escola, quintal ou parque, que tal fazer um circuito dentro de casa? Pular corda e amarelinha ou mesmo brincadeiras e dinâmicas simples são eficazes para estimular o movimento.
- Experiência agradável: a prática de atividades físicas com máscara é algo novo para todos. Dessa forma, principalmente para essa faixa de idade, elas precisam ser prazerosas, lúdicas e descontraídas.
- Adaptando horários: seu filho ou filhos estão em casa de novo. Aos pais, organizem a agenda para realizar algumas atividades com eles, de preferência, antes do expediente ou na hora do almoço. Alongamento na varanda e caminhadas no pátio do condomínio, se permitidas, são algumas das opções.
Na escola:
- Controle da exaustão: os exercícios com máscara exigem mais do corpo, pois as atividades por si só já promovem o aumento da temperatura corporal e dos batimentos cardíacos. Fora de casa ou na escola, responsáveis e professores de Educação Física devem ficar atentos a qualquer sinal atípico de cansaço. Em caso positivo, interromper a atividade e dar tempo necessário para a recuperação. Depois, retomar com frequência e intensidade menor.
- Máscaras extras: com o suor, a máscara provavelmente ficará úmida ou molhada, sendo necessária a troca antes das duas horas recomendadas. Para quem vai para a escola, nos dias de Educação Física, sempre colocar duas máscaras extras na mochila do aluno. E dar preferência às de algodão, que permitem a entrada de ar e a absorção da umidade.
- Máscara com hidratação: a hidratação não pode ser deixada de lado. É importante beber água antes, durante e depois da atividade. Nesse ponto, o máximo de cuidado na hora de manusear a máscara. Estando úmida, ela não funcionará como fator de proteção.
O importante é manter a imunidade em alta. Sedentarismo de lado. E máscara no rosto.