vilson tadei
Com a camisa do Rio Preto EC

Hoje treinador do Gama do Distrito Federal, Vilson Tadei, foi um legítimo  camisa 10. Iniciou sua carreira no Rio Preto Esporte Clube, no interior de São Paulo, e logo despertou atenção de grandes times do país. Como jogador foi treinado por grandes técnicos, como Carlos Alberto Silva e Rubens Minelli, ambos no Rio Preto, e depois foi levado para o São Paulo pelo próprio Minelli. Aprendeu muito e hoje fala com propriedade que o futebol ficou egoísta.  Tadei falou com O Jornal sobre o seu início de carreira no Rio Preto e em outros times do país e no exterior e o atual momento do futebol.  “Hoje os jogadores querem ir para a Europa e só pensam em fazer gols. Não temos mais muitos camisas 10, jogadores que armam o jogo, que deixam os seus companheiros na cara do gol. O futebol brasileiro precisa voltar a ser coletivo.”, crava Tadei  que comanda atualmente o time do Gama ao lado do seu filho, Mayco Tadei, auxiliar técnico.

O JORNAL – Conte um pouco sobre o seu início de carreira.

Vilson Tadei – Foi em 1971, no Rio Preto Esporte Clube. Tive várias passagens pelo clube. Em 71 estava com 17 anos e cheguei e já joguei as finais do Paulista, em São Paulo. Ali estava a nata do futebol paulista e acabei despertando o interesse do Corinthians, na ocasião, mas o negócio acabou não sendo concretizado, por algum capricho. Continuei jogando e acabei sendo emprestado para o América. Ai foram idas e vindas no Rio Preto. Voltei em 1973 com o (Rubens) Minelli. Já tinha trabalhado com o Carlos Alberto Silva, outro grande treinador no Rio Preto também. Pessoas que tenho um carinho muito especial, aprendi muito com eles.  Em 73 fomos campeões, mas na sequencia acabamos não fazendo uma boa campanha. Fui para o Penapolense e acabei sendo campeão.  Retornei em 76 e em 77 fui vendido para o Barretos, na maior transação do futebol entre clubes do interior. Nos dois anos de Barretos fui para a seleção paulista e acabei me destacando nos jogos que fizemos. Durante essa programação fui escolhido como um dos melhores do torneio e indicado pelo Minelli para o São Paulo me contratar. Ali começou minha sequência de grandes times.

O JORNAL – Foram bons momentos no Rio Preto, principalmente no seu início de carreira.

Vilson Tadei –  Sempre tive as portas abertas no Rio Preto, como jogador e também como treinador. E sou muito grato por tudo que o clube possibilitou na minha carreira dentro do futebol.  Lembro muito do presidente na época, o senhor Anísio Haddad, pessoa espetacular que dava uma estrutura muito boa para nós.  Como jogador e treinador tive bons trabalhos lá. Graças a Deus tenho ótimas lembranças.

O JORNAL – Você falou de dois grandes treinadores que teve, Carlos Alberto Silva e Rubens Minelli, mas também destaca outros que teve em sua carreira..

Vilson Tadei – Foram muitos e com todos eles aprendi muito e levo ensinamentos até hoje. Floreal Garro, Jacintho Angelone, Mané Mesquita… tive muitos no Rio Preto e em toda minha carreira em outros grandes times do país, cada um contribuindo com algo que levo comigo na minha carreira hoje de treinador.

O JORNAL – Já chegou no São Paulo e foi disputar título..

Vilson Tadei – Foi em 1979, mas acabamos perdendo a final do Paulista para o Santos. Depois sai do São Paulo e fui para o Coritiba, acabando chegando na semifinal do Brasileirão.  Foi aí que fiz uma boa competição com o Coritiba, fiz gol no Grêmio e acabei chamando atenção deles. Em 80 acabei emprestado para o Grêmio e depois eles me contrataram. Fui campeão brasileiro lá e muito feliz.

O JORNAL – Nessa época você era considerado um dos melhores meias do Brasil e seu nome foi cogitado para fazer parte da seleção de 82..

Vilson Tadei – Muita gente falava, os jornalistas, o meio do futebol, mas acabou não acontecendo. Faz parte. Segui minha carreira. Depois joguei no Vasco, Inter, Santa Cruz, Guarani, onde joguei com o Careca, Jorge Mendonça e outros grandes craques e acabei sendo artilheiro daquele time.

Campeão no Grêmio

O JORNAL – Você foi campeão no Monterrey, no México..

Vilson Tadei – Fiquei dois anos no México, no Monterrey, em 85/86. Fui campeão nacional lá também. Uma coisa engraçada aconteceu recentemente. Fiquei sem voltar para lá por quase 30 anos e há dois anos fui convidado para um casamento de um afilhado e depois para a inauguração do novo estádio da equipe. Fiquei muito feliz com o que vivi lá agora. Vi que sou ainda muito querido. Torcedores, diretores, pedindo autógrafo e falando da época em que joguei lá.  Tenho um carinho bem especial com eles.

O JORNAL – E o que pode falar da transição de jogador para treinador?

Vilson Tadei – É complicada. No início você tem em suas mãos jogadores que até outro dia estavam jogando com você. É um período para reformular ideias, conceitos, aprender. Foi difícil no começo para mim. Mas a partir do momento que você começa a vencer e fazer o seu trajeto tudo fica mais fácil. De 2004 para cá conquistei muitos títulos e acessos pelo país.  Mas é preciso muito estudo e calma para aprender e assimilar tudo. São quase 30 anos como técnico.

O JORNAL – Faltam camisas 10 no futebol brasileiro?

Vilson Tadei –  Hoje todos só pensam em jogar no exterior e para isso querem só fazer gols. E é aí que o 10 acaba faltando e não sendo formado. Ninguém quer armar mais, quer ser o meia. O 10 armava, deixava os companheiros na cara do gol, jogava com inteligência. Hoje escolho muito bem o 10 dos meus times, o que arma e chega no ataque. Dá para fazer gols, sem ser tanto individualista. Deixar o jogo fluir com inteligência, com técnica, conceito.  É errôneo pensar que se  eu não faço gols eu não vou para um time grande. Existe muita cobrança para fazer gols e isso acaba prejudicando o jogador da armação. É preciso parar um pouco com o individualismo e fazermos prevalecer o coletivo. Assim podemos voltar a ter um futebol campeão novamente e voltarmos a sonhar com titulo mundial.

Com o filho, Mayco Tadei, no Gama

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