Dos seus 73 anos de vida, boa parte deles, cerca de 35, foram dedicados ao Rio Preto Esporte Clube. Estamos falando do ex-presidente, o médico Vergílio Dalla Pria Neto, que tem sua vida enlaçada propriamente com a história do clube rio-pretense. Amado por uns, odiado por outros, Dalla Pria cravou seu nome na história dos 100 anos do Jacaré e esteve lá, presente, no acesso inédito ao Paulistão de 2008. Confira abaixo um pouco da entrevista com o ex-dirigente.
O JORNAL – Como foi sua ida para o Rio Preto Esporte Clube?
Vergílio Dalla Pria Neto – Vim de São Paulo para fazer medicina na Famerp, em 1968. Com a ida do estádio para perto da faculdade passei a frequentar até treino. Morava na rua General Glicério, fundo da livraria Martins. A nossa república era denominada “Oco do Boi”, atrás da Telefônica Rio Preto. Naquela época de estudante frequentava a pastelaria do Cido, na esquina da General Glicério com a Marechal Deodoro. Era o local de encontro de rio-pretenses, como Anísio Haddad, Dibão Buchalla, Inácio do Cartório, Baruffi, Challela, Farid, Ulisses, entre outros.
Foi aí que recebi um convite para ajudar no departamento médico, o enfermeiro Valdo, o Mário Táparo. Comecei a colaborar. Em seguida me convidaram para entrar na diretoria, depois no Conselho. Eu não era sócio, foi ai que o Dibão, que havia ficado com um título de um alfaiate amigo dele, que tinha se mudado para o ABC, passou para mim como sócio remido. Logo depois comecei a viajar como médico da equipe, sempre com o presidente Anísio Haddad, mas o frequente companheiro de viagem era o Farid Maluf. Depois o Anísio, que inclusive foi um dos que me lançou vereador, me colocou como um dos vice-presidentes de sua diretoria. Durante bom tempo fui vice-presidente e médico. Junto com senhor Florindo Mani, João Daud, Inácio do Cartório, Raul Sisti. Quando o Reinaldo Navarro da Cruz foi presidente, constituindo uma comissão independente de futebol, com João Daud, Ulisses Jamil Cury, João Alcalá, doutor Silvio Berdinarsqui, eu presidia a comissão. Montamos um esquadrão. Liderávamos o campeonato quando houve interferências e saímos. Logo depois, eu era vice ainda e eleito deputado estadual. Todos renunciaram na época. Estava como deputado, quando numa sexta feira retornei de São Paulo e estava em casa. E foram lá, duas dezenas de conselheiros, em função da renúncia do Farid Maluf e do falecimento do Inácio do Cartório. Eles ponderaram que por eu ser deputado e ter ligações com o governador Franco Montoro seria bom assumir o Rio Preto Esporte Clube. Entre os conselheiros que foram na minha casa estavam o Adalberto Nascimento e o Joaquim Porto Neto. O grupo era liderado pelo doutor Eli Buchala, Farid Maluf, João Daud, Forjalico Nazar, Braulino Leme Atanásio (Buick), Edson Favaron, Walter Pavanelli Nelson Menezes, Antonio Modesto Medeiros Neto, Rubens Lopes, Ivan Bonvino, Hilio Bassi, Antonio Crepaldi Sobrinho, José Eduardo Carvalho Silva, José Aparecido Torres, Luis R. Cavalheiro, João Joaci Viscone, entre outros.
Fiquei de comparecer na sede do clube no dia seguinte, às nove horas , no 1° andar da Galeria Bady Bassitt. Outros conselheiros compareceram, entre eles, o prefeito Manuel Antunes, o vice Antonio Figueiredo, José Rodrigues Negrão, João Challela. Foi aí que acabei concordando em assumir o Rio Preto Esporte Clube. Daí começou minha história como presidente do Rio Preto Esporte Clube, em 7 de outubro de 1983.
O JORNAL – Como foi o trabalho para o acesso inédito de 2007? Investir na base foi o caminha de tudo?
Vergílio Dalla Pria Neto – Foram vários anos para recuperar o patrimônio do clube. Iniciamos o trabalho de investir na formação de atletas para alimentar a equipe profissional e negociando uma parte para sustentar o projeto de formação e a equipe profissional. Fizemos várias parcerias com o União Brasil, Depois com o Cido Torres e por último com o Derac, do Arino Rodrigues Alves e Alescio Zaneratti Filho. Esses últimos grandes parceiros que também contava com o João Dellatorre. Com a base foi formado no clube o time que nos deu o acesso de 2007, um trabalho muito forte desse grupo, em especial do Alescio.
O JORNAL – Infelizmente o time acabou caindo. O que acha que saiu errado?
Vergílio Dalla Pria Neto – É complicado falar isso hoje. A decisão de manter a comissão técnica foi citada como um dos motivos do rebaixamento, como também a manutenção da maioria dos atletas. Pode ser a nossa demora para mudar a comissão técnica (sete rodadas). Tivemos uma bela recuperação, bons pontos conquistados contra o Santos, Palmeiras, em São Paulo, na rua Javari contra o Juventu. Em seguida, em casa, bastava ganhar do Paulista de Jundiaí. Mas foi um castigo, quantos gols perdidos, bola na trave, levamos um gol e perdemos em casa. Daí o jogo de vida ou morte contra o Guarani em Campinas. Que guerra para os dois. Para se salvar só a vitória interessava. Perdemos e caímos. A luta continuou e sempre disputando para voltar, novos investimentos com a base, mais parcerias com o Alescio, Arino, Piacente, João Santos.
O JORNAL – O que pode destacar desses anos todos no clube?
Vergílio Dalla Pria – Posso afirmar que o clube conquistou um património invejável enquanto fui presidente. Tudo o que existe lá foi construído e nunca foi vendido. Trabalhamos forte para tornar o clube forte em patrimônio e estrutura, Construímos o Poliesportivo, Construção do Shopping Iboruna, da Sede Administrativa, Remodelação do Estádio, Tribunas, Cabines de Rádio e TV, camarotes, parte de colocação de cadeiras, os alojamentos, profissional, Sub-20 e categorias de base, túnel para árbitros no estádio. Só construímos, não vendemos. Isso que posso destacar.
O JORNAL – Sua mulher também foi presidente. O amor ao Rio Preto está no sangue…
Vergílio Dalla Pria Neto – Fiquei presidente de outubro de 1983 a 1990. Depois mudamos o estatuto para não ser mais candidato. Os conselheiros, liderados pelo professor Elli Buchalla, Farid Maluf, Luis Rocco Cavalheiro, Ilio Bassi, Joaquim Porto, Carvalho, João Daud, Antonio Modesto Medeiros, na reunião do Conselho lançaram o nome da Wayta, que foi eleita por unanimidade. Após dois anos de mandato, ela disputou a eleição com o Francisco Jales Neto e foi reeleita com 93% dos votos. Ela ficou então dois mandatos até 1994. Voltei eleito em 1995 e fiquei até outubro de 2014.
O JORNAL – Tem pretensões de voltar para a disputa no clube?
Vergílio Dalla Pria Neto – Não. Sofri muita injustiça.
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