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O confeiteiro limeirense Higor Eduardo Martins, de 24 anos, leva uma vida agitada em Dublin, na Irlanda, onde comanda o seu negócio, o Its2eat. Mas quem vê sua fábrica de doces e salgados prosperar na Irlanda e cair no gosto dos locais não conhece a grande história de superação que existe por trás desse brasileiro. Martins, que é casado com Louisiana e tem uma filhinha de quatro meses, a pequena Ayla, nasceu numa família humilde em Limeira, no interior de São Paulo. Ele começou a trabalhar com sete anos e nunca mais parou. Seu pais não possuem estudo e ele prometeu a si mesmo que mudaria de vida, trabalhando muito e estudando. Chegou na Irlanda em 2017, sem conhecer nada de inglês. No seu início na Ilha, ele fazia coxinha em casa e vendia na escola para complementar sua renda. Com o tempo foi ganhando confiança e nesse ano abriu sua fábrica, que vende doces, confeitados e pães. Seu negócio já virou referência na cidade irlandesa e agora aquele menino humilde virou empresário e já planeja trazer seus pais e o irmão caçula para morar com ele na Europa.

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Martins falou um pouco sobre sua história ao O JORNAL e como conseguiu abrir seu primeiro negócio em Dublin. “Venho de uma família humilde, passamos muitas necessidades desde pequenos. Meu pai trabalhou a vida toda para nos sustentar, eles não possuem estudos. Somos em quatro filhos. Sempre trabalhei, desde quando tinha sete anos de idade já procurava um jeito de conquistar algo com meu esforço”, conta o confeiteiro que aos 12 anos começou a trabalhar numa fábrica de pães. “Nessa época eu já conseguia uma boa quantia de dinheiro. Para muitos eu era louco. Com 14 anos já tinha um salário de um adulto. Fazia curso de computação aos sábados, estudava de manhã e depois ia para o trabalho”.

Martins dividia um quarto com os seus outros três irmãos, em Limeira, num pequeno apartamento aonde moravam com seus pais . A vida era corrida e sofrida. “Minha vida era tão corrida que um dia, após uma semana sem ver meus pais, pois quando eu saía e chegava eles estavam dormindo, ao chegar do trabalho meu pai me esperou na sala e me disse: você não irá trabalhar amanhã. Não tenho filho pequeno para fazer uma vida dessa. No outro dia eu levantei mais cedo e fui. Ele viu que não conseguiria me parar. Ele só me fez prometer que eu terminaria meus estudos”.

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Com sua mulher e sua filha, em Dublin

Com 16 anos, o confeiteiro que hoje tem uma vida estável em Dublin, conheceu o mundo da confeitaria em Limeira. Ele trabalhava em uma padaria no centro da cidade e aos finais de semana era barman. Com 18 anos ele já tomava conta de uma loja e continuou na área de barman e confeitaria. “Meu corpo acostumou com a correria e não parei mais. Foi ai que um amigo me falou da Irlanda. Falei para os meus pais sobre o meu objetivo. Eles disseram que não poderia me ajudar. Eu só falei para eles que não precisava de dinheiro. Só queria o apoio deles. Disse ao meu pai que iria mostrar que o nosso passado eu não conseguiria mudar, mas daqui pra frente iria mudar nossa geração. Eu vi isso como um desafio e quis essa realidade para minha vida. Fiz meus documentos, minha mala e graças a ajuda dos meus patrões da época, que fizeram meu acerto salarial, consegui concluir meu objetivo e embarcar”.

E desde sua chegada em 2017 muita coisa mudou. “Como muitos brasileiros eu cheguei sem o inglês. Fazia coxinha em casa e vendia na escola. Depois comecei a trabalhar para brasileiros, pois não falava inglês. Eu sempre dizia que minha vontade seria um dia abrir uma fábrica na Irlanda. Certa vez um amigo que considero muito aqui olhou nos olhos e falou, e ai quando você irá montar seu negócio? Para mim era algo além do meu alcance. Mas o tempo foi passando, meus empregadores tentaram me dar o visto de trabalho, mas acabou não dando certo. Depois o proprietário da empresa que eu trabalhava disse que iria me segurar no pais e me daria um curso na faculdade. Era a vida sempre me surpreendendo. Nunca me imaginei, nem no Brasil dentro de uma universidade e estava prestes a começar isso na Europa. Mas ai começou a pandemia e não foi possível começar a faculdade, pois as imigrações fecharam e virou aquela loucura”, conta o confeiteiro.

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E no meio da pandemia veio a proposta da cozinha. “Não tinha muito o que fazermos nessa pandemia. Tudo fechado e já tinha a ideia de empreender. Sempre acredito que no meio de problema o foco é solução. O mais importante já tínhamos, que era a cozinha. De início foi difícil já que os escritórios estavam fechados. Levou um pouco de tempo para abrir, mas graças a Deus e a nós a IT´S2 deu certo. Hoje somos uma fábrica e em breve vamos inaugurar o nosso café. Queremos crescer muito mais, pois nessa vida não existe limite. Quero crescer, ajudar quem puder e mostrar que a única coisa que você precisa é estar vivo e ter saúde. O resto levantamos e corremos atrás. Tenho muito orgulho de ser brasileiro, orgulho de passar por tudo que passei. Orgulho e gratidão por pessoas maravilhosas que passarão por minha vida e também pelas que estão. Sou grato por tudo o que tenho e todos que estão ao meu redor. Sempre digo para que as pessoas não coloquem limite nos seus sonhos. Faça por você tudo que é possível. Todos Precisamos dar o primeiro passo, ser perseverante e ter garra que sempre teremos o resultado”.

 

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