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Na foto, Adamo com sua mulher, o filho e o pet da família

O paulista Francisco Adamo de Oliveira Osório, de 35 anos, resolveu mudar sua vida há cinco anos ao lado da mulher, Nicole, e migrar para Dublin, na Irlanda. Cansado da vida no Brasil, tinha acabado de comprar sua casa própria, estava cursando ciência da computação, mas não estava feliz. Crescido na Mooca, zona leste de São Paulo, Adamo chegou na Irlanda como estudante, assim como a maioria dos brasileiros. Logo arrumou trabalho na limpeza e como bom empreendedor começou a visualizar possibilidades de negócios.  Não demorou muito para abrir seu primeiro negócio, o Sampa Food.  Foi um sucesso por três anos. Um atrito na sociedade o fez abandonar a empreitada, mas há pouco mais de um ano ele já abriu outros dois negócios, o 4F Pizzeria (pizza brasileira) e o 4Friends Burger.  E as duas casas já estão ganhando notoriedade em Dublin que já até conquistaram certificado de excelência por sites especializados.  Conheça um pouco mais sobre a história desse brasileiro a seguir.

Adamo e sua mulher Nicole tiveram um filho em Dublin, o pequeno Matteo, que está com três anos.  Ele conta um pouco sobre a mudança para a Irlanda. “Queria mudar totalmente minha vida. Estava estagnado. Trabalhava, tinha casa, carro, e a vida era aquela. Tudo normal. Pensamos em ir para os Estados Unidos, Canadá e também Austrália. Mas todas as opções eram complicadas.  Foi aí que descobri a Irlanda através de amigos.  Pesquisamos, nos planejamos e viemos.  Queríamos mudar nossa vida.  Começamos então a apagar o intercâmbio. Parei a faculdade e juntei a grana que precisava. Chegamos aqui no dia 26 de julho de 2016. Tinha zero de inglês. Meu primeiro trabalho foi de house keeper e fazendo arrumações e limpezas de hotéis de quartos. limpando banheiro, fazia também manutenção”, conta Adamo que ficou nesse trabalho por três meses e nesse mesmo período também trabalhou na agência de intercâmbio. Ele era responsável pelo transfer dos novos alunos, como busca-los no aeroporto e deixa-los em suas acomodações.

Adamo continuou com o seu trabalho na agência de intercâmbio por mais alguns meses, mas nesse período sempre observando o mercado e o que poderia empreender na cidade.  “Vi que aqui não tinha esfirra aberta. Achei isso estranho. Muitos brasileiros e nada de esfirra. Comecei a estudar o assunto. Fiquei quatro meses em cima disso, com testes de receitas, de produtos, farinhas, cheguei num bom resultado.  Ai durante o trabalho conheci um menino que topava entrar em sociedade. Conseguimos um bom local, perto do centro e abrimos o Sampa Food. As esfirras foram um estouro. Depois introduzimos também a pizza e foi um sucesso. Infelizmente tivemos alguns atritos e a sociedade acabou. Mas foi uma bela experiência para mim”.

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Empresário traz receitas especiais na sua hamburgueria

Depois dessa experiência, Adamo resolveu aprimorar seus conhecimentos, estudar mais, fazer cursos.  “Estamos sempre aprendendo, em evolução. Fui aprendendo a ser empresário, um líder, no meio do negócio andando. Tudo isso me deu uma visão muito maior”.  Depois de desfazer sua sociedade no Sampa Food, no final de 2019, ele viu que sua vocação era mesmo a gastronomia. E foi aí que resolveu iniciar sua hamburgueria 4Friends Burger. E tudo isso no meio da pandemia da Covid-19, no primeiro semestre do ano passado.  “Dois amigos vieram falar comigo, Pedro Farbelow e Lilas Nogueira, viraram parceiros para toda vida.  Tinham um bom ponto no centro e me chamaram para montar um negócio. Eu falei, vamos montar uma hamburgueria, que é algo mundial, todo mundo conhece e gosta. Vamos fazer um lanche foda, diferente. Certeza que vai dar certo.  Pegamos o local vazio, do zero, e criamos tudo. Era para termos inaugurado em janeiro, fevereiro, mas só conseguimos operar mesmo em maio. Começou a rodar no delivery muito discretamente, mas foi tomando destaque muito rápido. O pessoal começou a gostar muito do lanche.  Ganhamos por voto popular como uma das cinco melhores hamburguerias de Dublin. E a gente está em busca de mais conquistas”.

O empresário paulista conta que resolveu se reinventar e buscar corrigir suas falhas do seu primeiro negócio. “Peguei todas as falhas que eu tive no Sampa e busquei saná-las.  Aprendi muito nesses anos. Conheci o mercado, os produtos, fornecedores, a qualidade dos produtos. Foi ai que resolvemos lançar a nossa pizzaria, a 4F Pizzeria. Desenvolvemos uma receita nova de pizza, tudo diferente. Eu  não queria nada igual. Me reinventar totalmente. E aí a gente deu uma cara nova para a pizza, um sabor muito melhor”, afirma Adamo que deve receber o reforço do Chef Adriano Bragi, o seu Head Chef, nas próximas semanas, vindo do Brasil.  “O Adriano participou de toda a operação e faz parte desse sucesso. Em breve ele estará aqui com a gente e comandará toda nossa cozinha”.

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Adamo no seu negócio em Dublin

O sucesso é tão grande que Adamo já estuda abrir mais duas unidades da sua pizzaria e da hamburgueria. “O que levei três anos para ver no Sampa Food eu já enxerguei com alguns meses aqui. Sanamos os problemas e deixamos o negócio redondo e operando em bem menos tempo. Entrega, qualidade dos produtos, pontualidade. Nossa ideia é abrir mais duas unidades em breve. A ideia é deixar o nosso grupo forte, bem estruturado, e espalhar nossas unidades a principio aqui na Irlanda. Quem sabe o futuro expandir também pela Europa. Agradeço muito pela equipe que tenho, meu dois braços direito, que são meus sócios, minha família, e nossos colaboradores. Sozinho ninguém cresce. A base de toda empresa está nos colaboradores. E sempre procuro me cercar de pessoas boas, ter uma boa harmonia na empresa e tentar sempre ser um bom líder, um exemplo para eles”.

O início da vida em Dublin e conselhos para brasileiros

Adamo comenta que sua ida para a Irlanda foi a melhor decisão da sua vida. “Foi muito desafiador, mas acho que a melhor decisão que eu tomei na minha vida. Isso me alavancou muito pessoalmente e profissionalmente, me fez crescer muito mais rápido do que aí no Brasil. Conquistei muitas coisas aqui que que levaria muito mais tempo para ter aí. Então isso foi muito bom para mim e para minha família”.

Ele conta que ao chegar em Dublin não tinha cidadania italiana. Só brasileira. Como sua mulher tinha direito de requerer dupla cidadania eles foram atrás dos documentos para dar entrada nos papeis na Itália. “Como brasileiro podemos ficar só dois anos estudando. Aí naquela época corremos atrás dos documentos, pagamos uma pessoa, outra pessoa. Foi um rolo. Até que deu certo. E como cidadão europeu podemos ficar aqui tranquilamente“.

Adamo diz que se acostumou rápido com o clima e a vida em Dublin. “Como é tudo muito novo, você fica muito empolgado com tudo. Você quer fazer qualquer coisa, quer trabalhar de qualquer coisa. E a vida anda.  Acho que é por isso que os brasileiros aqui são bem vistos. Você fica empolgado para trabalhar e isso te alavanca, porque o pessoal vê os brasileiros como pessoas que gostam de trabalhar e isso fez com que eu conseguisse e fosse me encaixando muito rápido nas coisas. Me adaptei muito rápido no clima também”.

Abrir um negócio foi bem desafiador. “Eu não conhecia nada, não sabia como abrir uma empresa, não conhecia fornecedores, não sabia onde vendia tipo embalagens, nem a legislação, os impostos que deveria pagar. Então eu comecei tudo errado. Precisei começar tudo errado para ir aprendendo a lidar com cada situação no dia a dia e ir acertando. Chegava um problema nós corríamos para consertar. E assim foi.  Foi bem difícil. Hoje em dia tem até mais pessoas na internet que falam sobre isso, explicam mais sobre como abrir negócios. Até eu mesmo me disponho algumas vezes nas redes sociais da pizzaria a falar a respeito. Hoje está mais fácil”.

Ele falou que a maioria dos brasileiros em Dublin ajudam seus conterrâneos. “Quando cheguei aqui fui ajudado por uma brasileira que me arrumou emprego no hotel para fazer limpeza. É assim que funciona. O brasileiro indicando outro e tal e acho que os brasileiros aqui se dão muito bem.  Hoje, aqui, é praticamente um Brasil pequeno em Dublin. Você ouve muito português por aqui na Irlanda”.

E a dica para migrar é não ir no escuro. Pesquisar, pesquisar e se preparar. “Primeiro, quanto tempo vai ficar? Se preparar financeiramente para esse período. O dinheiro vai dar? Você sabe inglês? É preciso saber. Eu não sabia, mas é muito aconselhável saber pelo menos o básico. Afinal, você estará num país que fala inglês.  Não se frustrar com o início aqui. Talvez na sua chegada você vai ter que morar numa casa com outras pessoas, ter que dividir quarto. Porque aqui as acomodações são caras. Até você se estabilizar leva tempo. Então você tem que vir com a mente aberta para trabalhar com coisas diferentes, experiências novas. E se dediquem na escola, estudem. E acredite no que você quer, no que você almeja. Foi assim que aconteceu comigo, aqui na Irlanda. Eu acreditei e deu muito certo”.

 

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