futebol feminino
Time foi campeão do Paulistão em 2016

Uma das torcedoras símbolo do futebol feminino de Rio Preto, Nicolle Bizelli, moradora de São Paulo, é aficionada pela equipe. Na semana passada, Nicolle falou com a equipe do O Jornal sobre a escolha da ex-jogadora, Jéssica de Lima, e hoje treinadora, como a personalidade número 1 do esporte da cidade, em enquete promovida pelo GloboEsporte.com/ TV TEM. Entre os assuntos comentados , ela falou sobre um ponto polêmico. Para ela, com o fim da parceira do Realidade Jovem com o time do Rio Preto, no ano passado, os troféus conquistados no período, um Brasileirão e dois Paulistas, deveriam ser entregues aos diretores da entidade. “Achei que o Rio Preto Esporte Clube não soube valorizar a equipe campeoníssima que tinha. A diretoria prometia muito e não atendia a expectativa. Acho, inclusive, que as taças conquistadas por essa equipe deveriam ficar sob a guarda da gestão do Realidade Jovem”, afirmou Nicolle.

O bate-papo com Nicolle aconteceu em virtude da enquete realizada pelo GloboEsporte.com e com mais de 420 mil votos, onde a ex-capitã do futebol feminino do Rio Preto, Jéssica de Lima, foi eleita como o maior nome da história do esporte de São José do Rio Preto. Com 47,61% dos votos, a ex-jogadora do Rio Preto venceu outras figuras importantes e emblemáticas da história esportiva rio-pretense, como Vilson Taddei, Carol Gattaz, Thiago Alves, Cuca, entre outros. Jéssica teve mais de 200 mil votos, seguida de Vilson Tadei, logo atrás com 193 mil. Jéssica está feliz da vida pelo reconhecimento. “Estou espantada até com o número de votos. Ainda mais pelo futebol feminino ainda não ser uma modalidade tão difundida. Estar entre os 10 primeiros já era motivo de orgulho, imagina então ser a escolhida”, afirmou.

Nicolle tietando a “profa” Jéssica

Jéssica e a torcedora Nicolle compartilham da mesma ideia quando comentam sobre o esporte em Rio Preto. Para elas faltam incentivos. “O futebol em Rio Preto vive a duras penas, o masculino e o feminino. Sempre com muita dificuldade. Vai ser preciso ter uma remodelação total na maneira de gerenciar o futebol. Para ter um time campeão, por exemplo, como o nosso foi no passado é muito complicado. É preciso de um investimento financeiro muito grande. Com a entrada dos times grandes o mercado ficou inflacionado. E como o time foi desmanchado, agora, para montar, é muito complicado. Uma saída é investir na base para conseguirmos algo para médio, longo prazo, mas a curto prazo só com muito investimento”, afirmou Jéssica. Nicolle acrescenta. “Acho que falta incentivo de todos os lados e percebo uma dificuldade maior por se tratar de equipe feminina, ainda há muito preconceito e machismo. A prefeitura diminui a bolsa atleta todos os anos. Até nas mídias. Precisava tratar o feminino como o masculino, dividir igualmente o espaço destinado para falar sobre futebol entre feminino e masculino. Não digo só na mídia local, da cidade. Eu acho que a mídia de Rio Preto dá espaço para falar da equipe. Mas acho que deveriam falar continuadamente dela, independente de desempenho. Não apenas colocar em destaque quando conquista títulos de expressão. Seria bom se divulgassem diariamente o desempenho nos Jogos Regionais e nos Jogos Abertos, por exemplo. Essas informações são muito difíceis de se obter e acho que chamaria a atenção da cidade para a modalidade, já que o futebol feminino sempre teve ótimo desempenho nesses campeonatos”.

Nicolle começou a acompanhar os jogos do futebol feminino de Rio Preto há alguns anos. “Além de ir pessoalmente ver os jogos que acontecem aqui em São Paulo/Osasco e de assistir aos jogos que acontecem em outras cidades e que têm transmissão, eu gosto de acompanhar as atletas nas redes sociais. Acho importante para demonstrar apoio próximo a elas. Ao mesmo tempo, é uma forma de acompanhar o que acontece com a equipe, já que nem sempre é fácil encontrar notícias sobre futebol feminino, ainda mais de equipe do interior. Foi indo ver o futebol feminino de Rio Preto em campo que eu decidi treinar futebol americano”.

Nicolle está esperando o uniforme do Realidade Jovem para poder usar em São Paulo

A torcedora comemorou muito a escolha de Jéssica como personalidade esportiva de Rio Preto. “Ela é muito merecedora. Eu desconheço atleta que tenha se desdobrado, estudando e ocupando diversas funções concomitantes como ela. Além de jogar, também era a preparadora física da equipe e também já dava aulas na escolinha de futebol feminino da cidade. É incrível como além da vivência, ela também soube se qualificar com formação formal da área, não ficando apenas curso superior, mas também com diversos cursos específicos de futebol e educação continuada, então ela tem muita propriedade naquilo que faz e diz. Eu aprendi e aprendo muito sobre futebol feminino com as entrevistas que vi e continuo vendo dela. Fico feliz que ela tenha conquistado títulos expressivos trabalhando na equipe de Rio Preto”.

Claudemir Felicio Saturnino é outro apaixonado pelo futebol feminino da cidade. “Eu votei nela. Conheço a Jéssica da escolinha da qual a minha filha fez parte. Torci pelo Rio Preto feminino muito. Achei muito triste o fim da equipe. A torcida sempre apoiou. Tanto que nós fomos até Santos e puder ver o título Paulista em cima do Santos, em plena Vila Belmiro e de virada ainda. Foi fantástico aquilo. Acabou por falta de apoio da diretoria do Rio Preto. Falta mais incentivo por parte da imprensa e de patrocínio para formar um grande time”.

Jessica em ação quando era jogadora do Rio Preto

Jéssica acredita no esporte. Crê em dias melhores para a modalidade. “O Brasil estava crescendo muito. Esse ano seria um divisor de águas dentro da modalidade, com mais equipes, melhores condições, investimentos. Ai veio a COVID-19. Mas creio que a modalidade será cada vez mais praticada pelas mulheres no Brasil. Só tende a crescer”. Já sobre o impasse no pagamento do auxílio atleta pela prefeitura de Rio Preto, ela acredita que seja um descaso do poder público com os profissionais do esporte. “Isso é um recado para todos que trabalham com o esporte de que não ligam para as modalidades esportivas. É um descaso com o profissional do esporte. Se houvesse um engajamento maior dos políticos daria para pagar os profissionais, porque, eu mesmo, tenho escolinha de futebol e fiz uma plataforma e estou passando aulas online. Todos estão em atividade, mesmo em casa, sem ser presencial. Então é possível passar o conteúdo, já que no futuro teremos campeonatos e é bom para as meninas continuarem treinamento”.

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