golpe

Circula em grupos de brasileiros que moram no exterior várias postagens de supostos bancos estrangeiros que oferecem empréstimos de grandes quantias. Prometem empréstimos que vão de 2 mil euros até 500 mil.  Até ai tudo bem, mas conhecemos como funcionam os empréstimos. Você precisa ter lastro financeiro, comprovar renda ou dar alguma garantia em troca do dinheiro que está pegando emprestado. Mas nesse caso, o melhor da história para os interessados na grana é que esses bancos não te pedem nada em troca. Que maravilha, né? Só uma identidade e, pasmem, boa fé.  Muito fácil.  E fica na cara que é golpe.  Desconfiando das postagens que vi em grupos de brasileiros que moram em outros países, como Portugal e Irlanda, fui atrás para ver o que era exatamente esse golpe e conversei com duas dessas pessoas.

Uma delas tem um perfil no WhatsApp, com telefone da França, e uma foto de um senhorzinho careca, de terno. A foto é de Michel Mathieu, um importante executivo francês, da área de crédito agrícola. Pasmem. O CEO de um banco estaria então falando comigo, me oferecendo crédito? Só dando muita risada. Puxei conversa com ele pelo aplicativo de troca de mensagens. Perguntei como funcionava o empréstimo e depois de uns minutos já vem uma resposta com um questionário. Basicamente você preenchia esse questionário, com seus dados pessoas, sua conta, o valor que precisa e o tempo que precisa para pagar. E  os juros eram de 2% ao ano. Não pedia comprovação de renda, nem garantias. Só que você tivesse boa fé, fosse confiável. “Caro senhor, estamos lidando com pessoas confiáveis, então gostaria de saber se você confia em mim e se eu também posso confiar em você. Sem isso não poderíamos colaborar para o seu empréstimo..”, afirmava o tal CEO do banco francês em uma das mensagens para mim.

Pegadinha do malandro: contratos

Mas a pegadinha, o pulo do malandro, é quando você vai então oficializar o empréstimo e vem um pedido da outra parte. Bacana, aceito as condições, e agora? Bom, agora você que precisa do empréstimo precisa transferir para eles 200 euros para confecção do contrato. Simples assim. E aí sim você terá o seu dinheiro depositado na sua conta. Eles pegam os seus 200 euros e somem. Te bloqueiam e desaparecem com seus suados euros. Confrontei esse fake sobre o nome do banco, o nome dele, pedindo mais detalhes e ele ficou nervoso. Não dava as informações e ficava me perguntando se eu realmente gostaria do empréstimo. Acabou me bloqueando.

Um outro golpe que acabamos descobrindo é basicamente aplicado da mesma maneira, mas o contato é feito por e-mail. Um intermediador, fake, compartilha um anúncio do suposto empréstimo e deixa um e-mail de contato. Após fazer contato, pedindo mais informações, o modus operandi é o mesmo. Enviam um questionário e insistem em falar de honestidade, de boa fé. Não pedem histórico bancário, nem comprovação de renda. Mas ao final, sim, te pedem 200 euros ou até 300 para poderem confeccionar o tal contrato. E o golpe está aí.

Os golpes dos aluguéis dos sonhos

Mais um golpe, esse bem divulgado é o do imóvel dos sonhos, com precinho especial. Em 2020, eu e minha família estávamos procurando casa para morar no norte da Itália. Tinha enviado e-mail para muitas imobiliárias e para minha surpresa recebi uma mensagem sobre a oferta de um apartamento lindo, preço maravilhoso. Depois de trocar muitas mensagens com o tal proprietário, sempre desconfiando, ele fez a sugestão de fecharmos o negócio por um link do Airbnb. O golpe é sempre o mesmo. O sujeito não esta na cidade, mas quer alugar o imóvel, você deposita adiantado e depois ele te dá a chave.  Procurei o link e não existia, chequei a foto do apartamento e descobri que o apartamento ficava em outra cidade. Confrontei o bandidinho, mas ele não me respondeu mais.

O duro dessas histórias é que na maioria dos casos existem brasileiros envolvidos e eles te jogam essas iscas porque sabem que você precisa, ou do dinheiro, ou do aluguel. No meu caso eu precisava de uma casa e naquela cidade. Tenho plena convicção que algum brasileiro sabia do meu interesse e me jogou aquela isca. Portanto, muito cuidado, e nada de pagar nada adiantado pra ninguém.

Henrique Fernandes, jornalista, assessor de comunicação

 

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