Anísio Haddad
Anísio Haddad durante lançamento da venda de títulos do clube de campo do Rio Preto EC

Filho de Moysés Miguel Haddad e de Najla Mussi Haddad, Anísio Haddad deixou um legado para a história de São José do Rio Preto.

O dia 7 de outubro deste ano marcou os 92 anos do nascimento de Anísio Haddad. Filho do libanês Moysés Miguel Haddad e de Najla Mussi Haddad. Anísio foi um dos mais promissores empresários da cidade, deixando seu nome marcado na história de várias instituições de Rio Preto, incluindo entidades de classe, como Acirp, Famerp, clubes, como o Rio Preto Esporte Clube e o Automóvel Clube e empresas, passando pela Telefônica Rio Preto e o Grupo Verdi, que administra a Rodobens.

Anísio Haddad morreu aos 51 anos. No dia 6 de janeiro de 1978, após sofrer um enfarte, em uma cabine de trem, que estava indo para São Paulo. Foi casado com Beny Maria Verdi Haddad, filha de um dos maiores empresários empreendedores do interior de São Paulo, Waldemar de Oliveira Verdi. Teve quatro filhos, Gisela, Marcio, Juliane e Cristiane.

Foi convidado para entrar na vida pública, como candidato a prefeito, mas sempre recusou os convites. “Foi o Anísio Haddad que montou a primeira rede de postos de gasolina de Rio Preto, todos de bandeira Shell, os postos Brasília, Guarujá, Elefantinho e Posto Moyses, além de uma transportadora de combustível, todos de nome Seyom (referência ao nome do seu pai)”, afirma, Márcio Mendonça, que trabalhou ainda jovem com Anísio, no casarão da família Haddad, onde hoje funciona o banco Bradesco, em frente ao Fórum, no Centro da cidade.

Empresário jovem e cheio de boas ideias era um apaixonado por esporte. Foi ele quem trouxe para a cidade o primeiro livro de regras e uma bola de futebol de salão para o Rio Preto Automóvel Clube. Paralelamente a sua vida cheia de compromissos empresariais e sociais, ele sempre arrumava tempo para acompanhar o seu time de coração, o Rio Preto Esporte Clube. Em 1969, iniciou um trabalho para levar o clube para a primeira divisão. Fez melhorias no estádio e vários investimentos. Em 1971, o Rio Preto EC chega à final do acesso, com as tradicionais finais disputadas no Parque Antarctica. Em 1973, enfim, o clube foi campeão do acesso, contando com um timaço, com Rubens Minelli no comando.

Infelizmente, devido mudanças de regras na Federação Paulista de Futebol para privilegiar os grandes de São Paulo, o Rio Preto acabou disputando um Paulistinha. “Durante este período, montou um grupo de pessoas importantes na cidade e grandes dirigentes participaram ativamente deste período, Farid Abrahão Maluf, João e Miguel Chalella, Waldomiro Mazocatto, Raul Sisti e o seu grande amigo Ulisses Jamil Cury, sempre coordenando o futebol e a base do clube. O seu irmão, Waldemar Haddad, também teve papel importantíssimo no clube. Foi ele quem mandou concluir, quem pagou com seus próprios recursos, o anel do estádio”, afirma Mendonça.

Adilson Ladeia, o Bussada, goleiro do timaço de 1973, lembra sobre a época em que jogou no Rio Preto. “Fomos campeões invicto sob o comando do Minelli, que após esse título se transferiu para o Internacional, onde foi campeão brasileiro. Minha relação com o senhor Anísio era bem próxima ao ponto de participar nos dias de folga de um racha com eles e um grupo de amigos na fazenda dele. Pessoa tranquila, dava todas as condições de trabalho para todos, era assíduo nas atividades do clube, acessível a todos os atletas. Tratava a todos com bastante respeito. Naquela época era como clube grande, com todas as regalias aos jogadores, bons hotéis, concentração numa chácara na Vila Angélica, alimentação excelente, salários em dia, bem como as premiações”.

Foi Anísio quem adquiriu, com seus próprios recursos, permutando cabeças de Nelore, uma área de 16 alqueires em Schimidt, onde seria o clube de campo do Jacaré. Fez uma campanha de lançamento de vendas de títulos, mas infelizmente não viu o projeto concluído, com a sua prematura morte em 1978. O lançamento do projeto de venda dos títulos do clube de campo foi realizado no salão nobre da prefeitura, em 1977.

Empreendedor
Anísio Haddad ao lado do seu sogro Waldemar Verdi mostrou o seu tino comercial ao aportar recursos na expansão das concessionarias Mercedes Benz, na década de 70. Com capacidade empreendedora, as concessionárias do grupo Rodobens Mercedes Benz contam com aproximadamente 18% das vendas no Brasil. Ainda nos anos 70, eles expandiram com a Cuiba Diesel, Verdiesel em Fernandópolis. Nessa época, ele ocupava o cargo de vice-presidente da empresa. “Foi um cara visionário. Tornou-se acionista e diretor da Lista Telefônica Rio Preto (o Google da época), foi um importante criador de gado Nelore de Elite e um significativo investidor na Bolsa de Valores”.

Legado
Anísio sempre colaborou com entidades assistenciais da cidade. Mas, discreto, não gostava que ninguém soubesse que ajuda. Após sua morte a família descobriu vários carnês de faculdades e duplicatas que ele pagava para jovens carentes. Ajudou a formar muitas pessoas na cidade. “O Anísio foi uma das pessoas mais fascinantes que conheci na minha vida , misturava o ar dos grandes empresários, mas sem deixar de lado a bondade característica daqueles que sabem que estamos aqui só de passagem. Respeitava como pais os antigos funcionários de seu pai, ensinando a nós que com ele convivemos a necessidade do respeito e do amor ao próximo. Foi uma grande pessoa” ”, afirma o economista Angelo Bevilacqua Neto, atual secretário da Fazenda de Rio Preto, e que foi contador de Anísio.

Márcio Haddad, filho de Anísio, fala sobre o pai. “Passados mais de 40 anos da morte dele, o seu nome ainda é muito presente na cidade. Muito forte. Muitas pessoas ainda conversam com a nossa família, contam histórias dele, que desconhecíamos. Geralmente sobre filantropia, casos em que ele ajudava pessoas. Tenho um orgulho muito grande de ser filho dele. Mas isso tem uma responsabilidade muito grande também, preciso passar isso para frente, para os filhos”, afirma Márcio Haddad.

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